Pavões e pavoneios



Este verão tivemos uma visita na nossa colónia. Ou melhor tivemos várias, mas no que respeita ao que vos quero falar, foram precisamente sete visitas, penso que uma fêmea e 6 machos.

Apareceram do nada e vieram para ficar durante todo o verão!

Ao início, todos, ou quase todos, ficaram encantados com a sua beleza. Eram sete magnificas aves, grandes, coloridas e majestosas. Vinham em bando e passeavam-se pela rua exibindo a sua lindíssima cauda longa que abriam em forma de leque (os machos), o seu peito era revestido de penas de cor azul forte, que lhes dava um ar exótico. A fêmea era de uma cor menos exuberante, mas não menos importante, uma vez que todos os machos andavam atrás dela.

Apresentavam um ar muito importante, superior a todos e passeavam-se entre os humanos como se nada fosse com eles, e mesmo nós, gatos de rua, éramos insignificantes perante tais "majestades".

No entanto, ao fim de pouco tempo, percebemos que vinham à procura de algo. Passámos rapidamente de insignificantes a empecilhos que convinha afastar, uma vez que a nossa comida era bem saborosa. 

Começaram por atacar os sobrinhos mais pequenos e destruíam toda a vegetação que pudessem comer e que fosse do seu agrado. Gritavam estridentemente, faziam as suas necessidades por todo o lado, deixando um mau cheiro do qual por vezes éramos culpados!

Felizmente parece que se foram embora, mas agora que penso neles, penso também no verdadeiro sentido da beleza. Como é que aves tão belas, tão majestosas, podem-se comportar de uma forma tão desagradável? Tão arrogante e sem respeito pelos outros?

E assim como pensei nestas questões comecei a observar mais as pessoas, os animais e também os meus familiares da colónia. 

Ah... a mãe Luna, tão bela e meiga... é um doce (como dizem as madrinhas) sempre pronta a ajudar os sobrinhos, sejam os seus filhos ou não. Distante mas presente, sempre verdadeira, todos a respeitamos e sabemos como ela é. 

A Ísis temperamental, ora brinca connosco ora nos dá umas valentes patadas (bipolar como lhe chamam as madrinhas eh eh eh) nunca sabemos como lidar com ela...mas é mesmo assim !

Somos todos diferentes, mas quantos há que nem sabemos como são? 

São dissimulados... simpáticos, afáveis, mas depois quando se conhecem melhor, acabamos por descobrir que são hipócritas e mesquinhos, desprezando qualquer um,,, autênticos pavões !

Quantos pavões haverão por esse mundo fora? E quantos tipos de pavões? 

No entanto pavoneiam-se alegremente pelas ruas, com ar imponente e majestoso, e todos comentam: " Ui, que beleza ... que ser fantástico ali vem!"

O mundo é assim... quem é verdadeiro por vezes é ignorado ou nem se dá por ele, quem se pavoneia acaba por chamar a atenção sobre si e por vezes é apelidado de melhor. 

Mas eu. Camilo, gosto de estar no meu canto, e observar, espreguiçar-me ao sol e quando as ideias me ocorrem escrevo umas notas para vocês lerem, se quiserem é claro.

A vida de gato no Verão é boa, deitarmos-nos ao sol e relaxarmos, deixando que quem queira pavonear-se que o faça, mas preferencialmente longe de nós.

Comentários

  1. Viva,

    Interessante sem duvida esta história e bem real :)

    Fiquei com uma duvida quem é a mãe Luna, um gato ou um dos seres humanos que olham pelos gatos ? E a Isis ? Curiosidades :D

    Abraço

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    1. amigo Fiacha , tudo gatos :) os humanos que aparecem são as madrinhas, todas as referencias com nomes são gatos da colónia, as nossas madrinhas baptizaram-nos. se vires a nossa pagina de facebook, tem lá as nossas fotos e dos sobrinhos.
      ah e o mito urbano também é humano, mas isso é outra história eh eh

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